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Psicologia e o câncer infanto-juvenil

Quando uma família recebe o diagnóstico de câncer infanto-juvenil, surgem sentimentos como desespero, medo da morte, culpa, revolta e negação. Portanto, além do paciente, há necessidade de incluir a família nos cuidados, propiciando o máximo de conforto, apoio e uma comunicação clara sobre a doença, a fim de minimizar sofrimentos.

O psicólogo atua diretamente com a família. Leva esclarecimentos e formas de lidar com a situação, removendo possíveis culpas. E o mais importante: a necessidade da continuidade e aceite do tratamento. A mãe, em quase 100% dos casos, é quem acompanhará a criança no dia a dia do tratamento. Dessa forma, essa mãe precisa ser acolhida, ouvida e orientada.

Em caso de crianças ou adolescentes em fase escolar, o psicólogo atuará junto a escola, para que não ocorra a perda do ano letivo. Muitas vezes o tratamento e as internações afastam a criança do convívio escolar por até dois anos. A escola pode e deve acompanhar o aluno, quer seja em casa ou fornecendo atividades para que lhe seja garantido o direito de estudar.

Outra atuação do psicólogo é o acompanhamento dos irmãos – afinal, esses são os que sofrem com o afastamento da mãe. Surgem os sentimentos de ciúmes. Começam a exibir comportamentos agressivos e desleixos na escola, por exemplo. A atuação do psicólogo ocorre com sessões individuais para esses irmãos e na intervenção escolar.

O paciente, independentemente da idade, também é ouvido, com suas queixas e dúvidas esclarecidas sempre de forma lúdica. O mais complexo é a informação sobre a queda de cabelos durante o tratamento, principalmente em adolescentes, que no início negam e, posteriormente, durante o convívio com outros pacientes, optam pelo corte radical (raspar a cabeça).

Recebemos, ainda, casos de crianças e adolescentes que já estão em manutenção do tratamento e depois de um tempo passaram a apresentar problemas escolares ou de comportamento.

Hoje são mais de 200 casos no cadastro do Ambulatório de Oncologia Pediátrica da Faculdade de Medicina do ABC. O serviço dispõe em seu quadro de atendimento a crianças e adolescentes de uma equipe de psicólogos que atua desde a fase inicial do tratamento até o acompanhamento das crianças e adolescentes em manutenção, ou seja, aqueles que necessitam visitar esporadicamente a unidade.



Inês Mantoani
é psicóloga pós-graduada em Psico-Oncologia e em Psicopedagogia, voluntária do Ambulatório de Oncopediatria da FMABC

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